segunda-feira, 20 de junho de 2016


Não quero falar de amor, falar das flores, dos homens ou desamores.
Não quero ser pudica, inocente ou meretriz.
Não quero ser falsa, realista ou infeliz.
Não pretendo atingir alguém, nisso só quero ser ninguém para continuar falando.
Estou farta das noticias, de homens atacando homens, se matando.
Não sinto mais a humanidade, o contrário a vaidade é o rei do momento.
Estou cansada do medo, de ser mãe, ser forte, ser mulher e num minuto qualquer chorar
a perda inevitável da vida gerada.
Que tempos são esses? Tempo da incerteza? De olhares medrosos e meninos infratores?
Onde está o tempo das músicas românticas, de jovens compondo letras de justiça?
Onde está esse “Tempo melhor para viver”?
Jornais derramam sangue, programas deturpam palavras, estupram crianças, matam a existência do simples, do Ser bom.
Estou fatigada desse sentimento de incapacidade de tudo, até mesmo da defesa.
Restou apenas a incerteza para conviver...
Haverá ainda um dia qualquer em que me sentirei humana?
Onde poderei falar das flores, dos amores ou desamores?
Onde poderemos juntos caminhar mesmo sem as mães estarem unidas?
Quero o direito de sonhar que me foi roubado.
E ficou esquecido num canto qualquer desse vasto mundo insano.
Vamos voltar a ser humanos, homens, mulheres e crianças
Ser apenas o grão desse dia que de graça me foi dado para viver novamente.
Um mundo simples.
Simples assim!


Auxiliadora Martins
17.12.2015